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28/09/2020 12:13 | NOTÍCIAS

A ciência da felicidade

A ciência da felicidade é tema cada vez mais popular à medida que as pessoas vêm despertando para os valores do amor, da verdade e da espiritualidade, independentemente das circunstâncias. Nesse assunto, a publicitária Flávia Rodriguez da Veiga virou especialista. Após um acidente que mudou sua vida, a capixaba usa a profissão para ajudar a construir um mundo melhor.

Para cada pessoa, “felicidade” pode significar um conceito diferente?
Aristóteles dizia que “Felicidade é ter algo a fazer, a amar e a esperar.” Para os pesquisadores, a felicidade é a combinação entre o grau e a frequência de emoções positivas, o nível médio de satisfação que a pessoa obtém por um longo período e a ausência de sentimentos negativos, como tristeza e raiva. No mundo moderno, a felicidade está cercada por mitos, e isso tem a ver com a nossa educação, cultura.

Você é uma pessoa que passou por uma dura experiência de vida, sofreu e aprendeu sobre a ciência da felicidade. Qual a principal lição de felicidade que já aprendeu?
Nós nascemos felizes, mas, ao longo da vida, nos tornamos infelizes por determinadas circunstâncias. Eu era aquele tipo de pessoa que tinha tudo para ser feliz. Encontrei meu príncipe encantado, ganhava bem, tinha tudo o que queria, mas sentia um vazio constante no peito. Em julho de 2016, um acidente mudou minha vida. A área externa do meu condomínio desmoronou, foram três andares transformados em escombros. Eu perdi tudo, achei que fosse morrer, entrei em depressão e senti pena de mim mesma. A sensação da morte me fez reavaliar minha vida. Percebi que a vida é curta demais para ser vivida infeliz. Me aprofundei no estudo da felicidade, na neurociência e no budismo e me descobri. Sou alguém que sofreu, experimentou e aprendeu sobre a ciência da felicidade na teoria e na prática. O mais importante é que é possível ser feliz ao entender a verdade sobre a felicidade.

Descobrir para onde queremos ir é a grande questão?
Se “aonde queremos ir” é sinônimo de propósito, sim, mas se for sinônimo de conquistas externas, como sucesso e dinheiro, não. A felicidade é 100% interna e “propósito de vida”, é a peça-chave para ser mais feliz até mesmo nos negócios. Essa sensação de querer contribuir para algo importante traz mais satisfação do que o dinheiro pode comprar. As pesquisas comprovam que empresas e empresários com propósito bem definido têm muito mais probabilidade de sucesso profissional.

Se a publicidade ajudou a construir a sociedade do consumo, ela pode ajudar a construir a sociedade da felicidade?
Essa forma de usar a publicidade para construir riquezas já deu, estamos num novo patamar, com novos desafios. E por isso precisamos de um capitalismo que vá além do lucro e de uma nova publicidade que vá além de vender produtos e serviços para que ambos ajudem a construir um mundo melhor. Tenho ministrado palestras em várias empresas, compartilhando meu conhecimento, experiência de vida, e mostrando como a publicidade pode ajudar na construção de um mundo mais feliz. Uma das formas de se fazer isso é derrubar mitos, usando os princípios da ciência da felicidade como significado, amor e espiritualidade, viver no presente e maestria da mente.

Há quem diga que um dos grandes engodos da sociedade ocidental é vender “prazer” sob o rótulo de felicidade. Você concorda com isso?
Sim, porque para uma grande maioria felicidade é prazer. Tanto a pesquisa científica como a atividade econômica estão engrenadas para atingir esse fim. A cada ano se produzem analgésicos mais potentes, celulares mais modernos; o problema é que queremos sempre mais, nunca estamos satisfeitos, e a infelicidade reina absoluta.

Muitos profissionais da psicoterapia alegam que felicidade não existe. O que você diria a essas pessoas?
Felicidade existe sim, é o maior objetivo do ser humano. Mas, enquanto as pessoas acreditarem nos contos de fadas e que ela é status, dinheiro, posição social, beleza ou qualquer coisa externa, nada te fará feliz. De acordo com a psicologia positiva, o mais moderno estudo científico sobre o tema, 50% da nossa felicidade é determinada pela genética, 10% dependem das circunstâncias externas, como as questões relacionadas com o nosso trabalho, estado civil e onde moramos. É exatamente aqui que acreditamos que mora nossa felicidade. A pesquisa também apontou que cerca de 40% da nossa felicidade é determinada pelos nossos hábitos diários. A felicidade é subjetiva, apenas eu e você saberemos se somos verdadeiramente felizes, ninguém mais poderá dizê-lo por nós.

Se a felicidade é influenciada por fatores genéticos e pelas circunstâncias da vida, até que ponto é possível aumentarmos nossos níveis de felicidade?
Podemos aumentar a nossa felicidade através de uma mudança de mindset e adotando novos hábitos.

O primeiro deles é deletar os mitos da nossa mente, como dinheiro, sucesso, beleza. O segundo é incorporar os cinco princípios que formam a base da felicidade ditos anteriormente. Em terceiro, precisamos praticar os seis hábitos diários que trazem mais felicidade, como manter relacionamentos saudáveis, meditar, praticar atos de bondade, ter metas e agradecer. Ainda que não possamos controlar a política, o tempo, a injustiça, a maldade, a dor e perda em um mundo caótico e desafiador, é possível, sim, ser mais feliz.

 

 

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